O sistema de arrefecimento é responsável por manter o carro a uma temperatura ideal de funcionamento – sempre na faixa dos 90º Celsius. O trabalho é importante, pois o motor esquenta muito com todas as explosões da queima do combustível. Então, é responsabilidade do sistema de arrefecimento manter o propulsor frio o suficiente para que as peças não derretam, mas não frio demais a ponto que o carro não funcione direito. O sistema é composto por mangueiras, radiador, ventoinha, bomba d’água, vaso de expansão, válvula termostática e, no meio de tudo isso, um líquido, que deve ser composto 50% por água desmineralizada e 50% por aditivo a base de etileno glicol. A água desmineralizada pode ser comprada separada do aditivo – também há a opção de comprar a mistura pronta.
Como funciona?
O líquido percorre a parte interna do motor, sem entrar em contato com seus componentes de combustão, até chegar ao radiador. Por lá, a mistura, que ficou quente, transfere o seu calor para o ar. Toda essa movimentação é feita através de mangueiras e quem controla esse fluxo é a válvula termostática: ela bloqueia a “água” quando o motor esfria e libera quando o motor ultrapassa determinada temperatura. Quem coloca o líquido em movimento pelo sistema é a bomba d’água. Quando o carro está desligado, todo o líquido fica alojado no vaso de expansão (que é a peça plástica que você usa para checar se o nível do líquido está correto). A ventoinha também ajuda a retirar o calor do motor, direcionando ar para dentro do motor exatamente como um ventilador.
Qual é o tipo mais comum de sistema de arrefecimento?
O mais comum é o sistema de arrefecimento de fluxo fechado e pressurizado, que não deixa a água evaporar. Na década de 80, o mais comum era o sistema aberto, que exigia repor a quantidade de líquido, que evaporava. “Se for necessário colocar aditivo em seu carro sempre, ele certamente apresenta algum defeito e deve ser levado a um mecânico. Alguma mangueira pode estar furada, por exemplo”, afirma Rubens Venosa, engenheiro proprietário da oficina Motor Max e consultor de Autoesporte. Outra dica é: Faça sempre a troca completa do líquido.
Quando o sistema de arrefecimento deve ser trocado? Qual a peça que deve ser trocada com mais frequência?
Tirando o líquido, as peças só devem ser trocadas quando realmente estragarem. O fabricante determina quando o fluido deve ser substituído, mas o tempo médio é de dois anos e meio, independente se o motorista vai muito pra estrada ou mantém o motor em temperaturas quentes por muito tempo. Também vale a pena ficar atento às mangueiras do sistema, que podem ressecar e ficar danificadas. Sempre que isso acontecer, faça uma checagem de todo o sistema na oficina para ver se mais algum componente pode ter sido afetado.
Quanto custa, em média, a manutenção do sistema de arrefecimento?
Em média, o líquido (aditivo + água desmineralizada) custa R$ 45. Um carro pode precisar de cinco a nove litros para completar todo o sistema, dependendo do modelo. Já as demais peças têm preços variados. Em um carro popular, por exemplo, a bomba d’água custa, em média, R$ 150. As mangueiras custam R$ 60, a válvula R$ 175, o radiador R$ 500, a ventoinha R$ 200 e o vaso de expansão pode custar até R$ 1 mil.
Quais são os problemas mais frequentes? Da para consertar ou precisa trocar tudo? Quanto tempo demora o serviço?
Os problemas mais recorrentes são: bomba d’água que vaza, mangueira que não suporta a pressão do dia a dia e rasga, radiador que quebra quando há alguma colisão frontal e reservatório de expansão de plástico que racha. Desses, apenas o radiador pode ser reparado, as demais peças precisam ser trocadas. “A mangueira é simples, leva de uma a duas horas para consertar. O radiador leva de três a quatro horas. A bomba, duas horas. A válvula dura uma hora”, afirma Walter Abramides, engenheiro mecânico e proprietário da oficina Garage WEB.
Vale a pena comprar a peça separada?
Depende. Quando o mecânico compra a peça, ele cobra em média 30% a mais do valor gasto no item. Se você comprar a peça por conta própria, pode perder a garantia do serviço caso ela quebre novamente.
Quais cuidados é preciso ter para que o sistema não dê problemas?
Abasteça o sistema sempre com o líquido certo (aditivo + água desmineralizada). É importante lembrar que colocar apenas água da torneira, ao invés da mistura com os fluídos específicos, pode danificar o veículo. O líquido correto altera o ponto de ebulição e congelamento da água, o que evita que a ela ferva ou congele. A composição também evita a oxidação das peças. “Só use água se for uma emergência para chegar a uma manutenção”.
Também é essencial verificar o nível do líquido uma vez por semana. Mas nunca abra o vaso de expansão com o carro ligado ou logo depois que o motor parou de funcionar. Evite abrir o reservatório – ele é transparente justamente para facilitar a checagem do nível. Se a água estiver baixa, ou seja, não estiver no nível máximo com o motor frio (o que fica indicado com uma marcação na própria peça), leve o veículo na oficina.
Outra dica é: não faça a troca do líquido em casa ou em um lugar que você não confie. Durante a troca do aditivo, é recomendável limpar os componentes do sistema e drenar a composição, ações que demandam certo conhecimento.
Quais são os sintomas que o motorista percebe quando há problemas no sistema de arrefecimento do carro?
O marcador de temperatura acende no painel de instrumentos. Também pode haver vazamento de água azulada ou avermelhada no chão. Se você escutar a ventoinha do carro ligando com muita frequência por muito tempo, também pode ser um sintoma de problema.
Quais são os riscos de utilizar o carro com o sistema de arrefecimento quebrado?
A primeira peça que geralmente derrete é a junta do cabeçote, que liga o cabeçote ao motor. O cabeçote é a parte superior do motor, que fecha os cilindros e forma parte da câmara de combustão. Por lá, são feitos os processos de admissão e escape de gases e combustível. Feita de material sintético, a peça pode custar de R$ 2 .500 (carro popular) a R$ 10 mil (carro importado).
“O principal risco é fundir o motor, mas esse motorista insistiu muito em andar com o carro quente. Não insista em andar com o carro nessas condições, pois os danos só pioraram. Não espere o carro esfriar para seguir viagem”, afirma Rubens.
Qual é o mito mais frequente sobre o sistema de arrefecimento?
“O motorista chega à oficina e conta que coloca um copo de água por semana como se essa atitude fosse normal. Não funciona mais como antigamente. Se tudo estiver em ordem, o carro não precisa constantemente de fluido ”.
Fonte:https://revistaautoesporte.globo.com/Servico/autoajuda/noticia/2015/05/autoajuda-sistema-de-arrefecimento.html