Janeiro é a época em que as despesas batem à porta do brasileiro. É o mês em que a fatura do final do ano (presentes de Natal, ceia e viagens de Ano Novo) dá as mãos para os gastos do início do semestre (IPVA, IPTU, matrícula escolar e tantas outras).
Com tantas contas chegando, é importante fazer um planejamento financeiro para que a grana não fique curta. Esse planejamento será ainda mais importante em 2022, pois diversas contas devem aumentar, em razão da pressão inflacionária.
Uma das despesas que deve ficar mais salgada é o Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA). Embora a alíquota do tributo seja a mesma do ano passado, o preço dos carros usados disparou até 50% desde o início da pandemia.
Carro mais caro, IPVA mais salgado
A EXAME Invest levantou o preço dos 10 carros mais vendidos no país e fez uma estimativa para o valor do IPVA do ano que vem. A diferença entre o imposto a ser pago em janeiro de 2022 e o imposto que foi pago em janeiro de 2021 passa dos 30%. Os donos do Chevrolet Onix, por exemplo, deverão arcar com um IPVA 31% mais caro no próximo ano.
Por contarem com um volume de troca maior, os carros mais vendidos tendem a ter uma variação menor de preços. Quando a comparação vai para modelos mais caros e menos negociados, como as picapes e SUVs, a diferença de preço pode chegar a 50%, como mostra esta matéria. Para esses proprietários, a fisgada no bolso deve ser ainda maior.
Metodologia: A maior parte dos estados considera a tabela Fipe do mês de setembro do ano anterior para calcular o IPVA do ano seguinte, então foi esse o valor utilizado na estimativa realizada pela EXAME. A alíquota de base foi de 4%, válida para veículos a gasolina ou flex em estados como São Paulo e Rio de Janeiro.
Para acompanhar a evolução dos preços e do cálculo do IPVA, foi considerada uma mesma versão de cada modelo, com fabricação em 2019.
Preços em alta
A disparada dos preços dos veículos novos e seminovos não afeta só quem pretende trocar o modelo da garagem. Carros mais caros implicam em custos mais altos de manutenção e IPVA para todos os proprietários.
Mas o que explica os preços em alta?
Quando a pandemia estourou, a indústria automotiva suspendeu a fabricação de veículos. Já era esperado que, algum tempo depois, haveria uma escassez de modelos à venda. Mas a pandemia tornou a escassez maior do que a esperada. Isso porque, com medo, muitas pessoas que já haviam desistido de ter um carro voltaram atrás, buscando a segurança do transporte privado.
Há também uma escassez de componentes, dos quais os principais são os semicondutores. A escalada da demanda global para outros setores, como os segmentos de games, de smartphones e de notebooks, também contribuiu para a crise na cadeia de suprimentos de montadoras.
A escassez de modelos novos e a alta da demanda levaram consequentemente à escassez de modelos seminovos e usados. Consequentemente, modelos que já estavam no mercado tiveram uma forte valorização. Atualmente, quem quer ter um carro 0 km precisa esperar meses para poder comprá-lo. Muitos consumidores que comprariam novos optaram por seminovos ou usados.
O que fazer?
- Faça uma economia e busque o desconto do pagamento à vista
O IPVA é um tributo anual, cobrado sempre em janeiro. A maioria dos estados oferece opções de parcelamento e desconto para quem opta por pagar à vista. O desconto, no entanto, costuma ser de 3% — valor insuficiente pra fazer frente ao reajuste causado pelo encarecimento dos modelos.
Seja qual for a opção de pagamento, é importante se planejar para essa e outras tantas despesas de início de ano. O ideal é, desde já, fazer um “pé de meia” para evitar a dor de cabeça em janeiro. Aqui vale a velha dica de usar o 13º salário ou as férias para ajudar com essa despesa.
- Se não for possível, organize as contas e pague parcelado
Mas se mesmo assim a grana ficar curta, é recomendável parcelar o débito do IPVA para reduzir o impacto da despesa maior. É melhor parcelar a conta ao longo do primeiro trimestre de 2022 do que começar o ano com a corda no pescoço e endividado.
- Avalie a possibilidade de vender
Por fim, o preço mais alto dos seminovos pode ser uma boa oportunidade para avaliar se você realmente precisa do carro na garagem. Com a maior adesão ao trabalho remoto, muitos brasileiros deixaram de usar o veículo para se deslocar diariamente, o que mudou completamente o planejamento de transporte das famílias.
Além disso, não é só o IPVA que tem pesado mais no bolso. O encarecimento dos combustíveis deixou outras alternativas, como o transporte público e os aplicativos de transporte privado, mais competitivos.
Por isso, vale a pena colocar as despesas com o carro (IPVA, seguro e manutenção) na ponta do lápis e comparar com planos alternativos, para saber o que vale mais a pena, financeiramente. Aqui vale, inclusive, considerar o possível ganho com a revenda do veículo, já que os preços continuam em alta no mercado.
Fonte: https://invest.exame.com/mf/prepare-o-bolso-com-carros-mais-caros-ipva-de-2022-deve-subir-ate-30